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Fogo em trilhos? Entenda como alguns países mantêm os trens funcionando em dias de frio extremo

Fogo em trilhos? Entenda como alguns países mantêm os trens funcionando em dias de frio extremo
Amantes da Ferrovia
jun. 12 - 5 min de leitura
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Quando as tempestades de inverno interrompem todo tipo de transporte, geralmente você pode contar com os trens para continuar viajando. Porém, em alguns países o vórtice polar tem sido tão rígido que até esses veículos pararam.  Com a chegada do frio, não são os trens que têm problemas: são os interruptores que direcionam os carros entre as faixas que congelam e, quando um interruptor falha, pode comprometer uma linha inteira. Para manter esses interruptores funcionando, algumas empresas usam o método secular de queima de querosene ou gás natural.

É importante salientar que as chamas vêm de aquecedores alimentados a gás que correm ao longo dos trilhos e os mantêm aquecidos. Empresas do setor ferroviário também usam um sistema de aquecimento tubular e ventiladores de ar quente para aquecer a pista fria.

Um bom exemplo disto é a Long Island Railroad, linha ferroviária mais movimentada dos Estados Unidos, que possui dezenas de aquecedores de interruptores em todo o seu sistema de 700 milhas.

Frio abaixo de zero e o "pull-aparts"

As faixas são afetadas pelo frio extremo de duas maneiras. Em alguns casos, as faixas experimentam o que é chamado de "pull-aparts". Esse tipo de defeito ocorre quando dois trilhos se separam em sua conexão. O frio extremo encolhe o metal e os trilhos literalmente se separam. O aquecimento desses trilhos com fogo expande o metal até que eles possam ser recolocados.

Os pontos de comutação da ferrovia também podem ficar obstruídos com gelo e neve em condições abaixo de zero, de modo que o sistema de aquecimento é usado para desobstruí-los. 

As equipes de manutenção acendem os aquecedores manualmente e podem controlar o fluxo do gás. Os membros da tripulação, trabalhando em turnos de 12 horas, permanecem na área quando os sistemas de aquecimento estão sendo usados, para que possam monitorar as chamas.

Onde não há aquecedores de interruptores, as equipes podem usar dispositivos temporários semelhantes a tochas. No entanto, quando esses tipos de aquecimento de “chama aberta” são usados, parte do protocolo é notificar os bombeiros locais de que esses aparatos estão sendo utilizados para manter os trens em funcionamento. Dessa forma, os bombeiros não respondem aos relatos de incêndio nas ferrovias e evitam apagar o fogo com água, o que no  frio extremo produziria muito gelo, agravando o problema de congelamento dos interruptores.

Rastreamento em “temperatura neutra”

Como qualquer outra peça de metal, os trilhos se expandem e contraem com calor e frio. Quando você solda os trilhos, está bloqueando o seu comprimento naquele trecho. Como a física explica: quanto mais frio faz, mais o trilho quer encolher, mas essa situação pode acarretar grandes danos para a ferrovia.

Devido a esse potencial de expansão e encolhimento, quando as empresas ferroviárias rastreiam os trilhos, elas o fazem a uma "temperatura neutra" – algo em torno de 15°C. 

Sob as regras federais, as ferrovias mantêm um registro da temperatura neutra de cada seção do trilho quando ela é construída.

Por exemplo, se a temperatura cair para zero, o trilho pode se adaptar com a mudança de temperatura. Mas grandes quedas de temperatura, como -20°C, alteram o aço.

Com uma diferença muito alta entre a temperatura neutra e o ar frio, os parafusos podem ser soltos, as barras articuladas caírem e o trilho  ser quebrado. 

Agora você deve estar se perguntando “por que isso não acontece o tempo todo em lugares de temperatura extremamente baixa, como no Alasca ou na Sibéria?" A resposta volta à temperatura neutra, que é ajustada em locais mais frios.

Ter registros da temperatura ideal para cada seção também significa que, quando ocorre uma grande mudança de temperatura, as equipes de manutenção sabem onde procurar problemas.

Com isso, ao longo dos anos, as ferrovias tiveram que criar formas de prevenir os danos causados pela amplitude térmica. 

Para isso, elas usam uma variedade de truques para evitar o problema, muitos dos quais se assemelham às estratégias de aquecimento dos interruptores, mas em trechos mais longos.

Uma ferrovia pode trazer aquecedores de propano especializados para manter os trilhos em ordem. Também podem instalar eletroímãs – peças que geram um campo magnético a partir de uma corrente elétrica – tanto no veículo quanto nos trilhos. 

Porém, quando não é possível aplicar essas abordagens  mais tecnológicas, muitas equipes recorrem ao método usado ao longo dos séculos, colocando “fogo nos trilhos” para manter os trens funcionando.

E você, o que acha desta técnica secular? Deixe seu comentário! :)


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